Nas próximas semanas, terá início o conclave, reunião dos cardeais eleitores da Igreja Católica que escolhe o próximo PapaFoto: Arte O GLOBO

Nas próximas semanas, terá início o conclave, reunião dos cardeais eleitores da Igreja Católica que escolhe o próximo Papa. Nesta segunda-feira, Jorge Bergoglio, o Papa Franciscomorreu aos 88 anos. A causa da morte foi apontada pelo Vaticano como AVC e insuficiência cardíaca irreversível. O conclave deve iniciar-se de 15 a 20 dias após a morte ou renúncia do Papa, a fim de esperar a chegada de todos os cardeais eleitores.

Os cardeais votam e podem ser votados, mas não podem votar em si mesmos. Têm direito a voto os cardeais com menos de 80 anos até a data da morte do Papa Francisco. Para ser eleito, são necessários 2/3 dos votos dos cardeais com direito a voto.

ONDE ACONTECE O CONCLAVE

Os cardeais eleitores ficam alojados na Casa de Santa Marta e se dirigem, diariamente, até a Capela Sistina, onde serão realizadas as votações. Joia da arquitetura e da arte mundial, a capela abriga eleições de pontífices desde o século XV.

 INÍCIO DO CONCLAVE

A manhã do primeiro dia do conclave é marcada por uma grande solenidade na Basílica de São Pedro. Lá, acontece a missa “Pro Eligendo Papa”, que marca o início do processo eleitoral. Os cardeais depois voltam para a Casa Santa Marta. Depois, podem ir ou não para a Capela Sistina, onde a primeira rodada de votação poderá acontecer ainda neste primeiro dia.

Conclave: cerimônia na Basílica de São Pedro — Foto: Arte O GloboFoto: Arte O Globo

Nos dias subsequentes, os cardeais participam de até quatro rodadas de votação por dia, duas na parte da manhã e outras duas à tarde. As cédulas são incineradas duas vezes ao dia: depois da sessão matinal e no início da noite. Se, após três dias, ninguém for eleito, a votação é suspensa por, no máximo, 24 horas. Outras pausas poderão ocorrer.

Até o 12º dia da votação, totalizando 34 escrutínios, o candidato que obtiver dois terços dos votos será eleito. A partir daí, se ainda não houver decisão, o sistema muda e a escolha ficará entre os dois mais votados. Porém, mantém-se o quorum de dois terços.

 Os cardeais chegam à capela, entram em fila dupla e sentam em lugares já pré-determinados. O camerlengo (que significa “funcionário da câmara do soberano”), cardeal encarregado do protocolo, convoca cada cardeal para jurar obedecer às normas do conclave. Depois, dá a ordem “Extra omnes” (todos fora) e as portas da Capela Sistina são fechadas.

DISTRIBUIÇÃO DAS CÉDULAS

São distribuídas folhas de papel para todos os cardeais-eleitores. Uma delas é a cédula em que está escrita a frase “Eligo in Summum Pontificem” (“Elejo como sumo pontífice”). Nela, deve ser escrito o nome do candidato de cada cardeal, que deve ter uma letra clara, impessoal e não pode ser um voto em si próprio. Uma segunda folha com os nomes de todos os cardeais-eleitores auxilia na escolha e, também, na posterior contagem dos votos pelos três escrutinadores que são escolhidos entre os cardeais, por sorteio, antes da primeira votação.

Conclave: distribuição das cédulas — Foto: Arte O GLOBOFoto: Arte O Globo

Além dos escrutinadores, também são sorteados os revisores e os infamariis que votam e trabalham durante o pleito. O sorteio dessas funções é feito em três rodadas. Na primeira rodada são escolhidos os três escrutinadores, na segunda os três revisores e na terceira e última rodada os três infirmariis.

Os escrutinadores verificam as cédulas, contam os votos e queimam todas as cédulas ao fim de cada votação. Os revisores fiscalizam o trabalho dos escrutinadores e os infamariis recolhem os votos dos cardeais que possam estar doentes ou com dificuldade de locomoção.

VOTAÇÃO

Conclave: Votação — Foto: Arte O GLOBOFoto: Arte O GLOBO

Antes de votar, os cardeais têm de repetir em voz alta um texto em latim no qual juram diante de Deus estar votando em quem consideram ser o mais capaz. A votação é feita por vez, e se inicia pelos cardeais mais velhos que são chamados pelo nome, um a um. A cédula com o voto é dobrada ao meio e o cardeal-eleitor caminha até o altar. O voto é posto em uma bandeja de prata e despejado em uma urna.

Durante a votação, são usadas mais de uma urna. Elas foram desenhadas pelo escultor italiano Cecco Bonanotte em ouro, prata e bronze para substituir os grandes cálices utilizados em conclaves anteriores

 A APURAÇÃO

Conclave: Apuração — Foto: Arte O GLOBOFoto: Arte O GLOBO

O primeiro cardeal escrutinador pega a urna e mistura as cédulas. O terceiro confere o número de votos. O primeiro escrutinador abre cada cédula uma a uma, copia o nome em silêncio e passa para o segundo, que verifica o voto em silêncio. O terceiro escrutinador pronuncia o nome na cédula em voz alta para que todos possam anotar e acompanhar a votação, caso queiram. Depois, passa uma agulha com linha em cada cédula, furando a palavra “Eligo”. No fim da contagem, todos os votos estão presos na mesma linha, que tem as pontas amarradas formando um círculo.

FUMAÇA

Conclave: Fumaça e sinos — Foto: Arte O GLOBOFoto: Arte O GLOBO

Após a votação, as cédulas amarradas no fio são levadas pelos escrutinadores até os dois fornos instalados na Capela Sistina, um para queimar as cédulas e um outro para produzir a fumaça avisando do resultado da votação. Os dois fornos passaram a ser usados no último conclave, que elegeu o Papa Francisco, para aumentar a precisão na cor da fumaça

Desses dois fornos surge a mensagem para o resto do mundo: se a fumaça for negra, a eleição continua e não há eleito; se for branca, a Igreja Católica já tem um novo líder. Depois, os sinos da Basílica de São Pedro também se dobram indicando o fim da eleição.

PAPA ELEITO

Caso algum dos cardeais receba dois terços ou mais dos votos, o camerlengo se dirige a ele e pergunta: “Aceitas a tua eleição canônica para Sumo Pontífice?” No momento em que o cardeal diz a palavra em latim “accepto”, ele é o Papa. Em seguida, ele deve responder por qual nome quer ser conhecido.

Conclave: Papa eleito — Foto: Arte O GLOBOFoto: Arte O GLOBO

A ROUPA

O Papa é então levado a uma antecâmara, onde deverá vestir a roupa papal. São três as vestes produzidas, em tamanhos pequeno, médio e grande. Uma delas é escolhida e ajustada ao Pontífice. O local em que isto ocorre é conhecido como sala das lágrimas, pois os papas historicamente não conseguem suportar a emoção do momento e choram ali.

Conclave: A roupa o novo Papa — Foto: Arte O GLOBOFoto: Arte O GLOBO

O ANÚNCIO AOS FIÉIS

O cardeal protodiácono, do balcão da Basílica de São Pedro, dirige-se aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro dizendo as palavras: “Habemus Papam.” Em latim, diz o nome de batismo do eleito e o nome pelo qual o Papa será chamado.

Conclave: Anúncio aos fiéis — Foto: Arte O GLOBOFoto: Arte O GLOBO

PRIMEIRA APARIÇÃO PÚBLICA

O novo Papa surge de dentro da basílica, fica ao lado do protodiácono e fala sua primeira mensagem para os fiéis como Pontífice.

Conclave: Primeira aparição pública — Foto: Arte O GLOBOFoto: Arte O GLOBO

Fonte: O Globo