:: 22/abr/2021 . 9:38
Ex-prefeito de Salvador, João Henrique, e ex-secretário Bacelar terão que devolver mais de R$ 40 milhões aos cofres públicos

Ex-prefeito de Salvador, João Henrique, e ex-secretário da Secult, Bacelar, terão que devolver mais de R$ 40 milhões por irregularidades
O ex-prefeito de Salvador, João Henrique Barradas Carneiro e o ex-secretário de Educação, Cultura, Lazer e Turismo (Secult), João Carlos Bacelar Batista, terão que devolver aos cofres municipais, R$ 47,7 milhões por causa de irregularidades e desvio de recursos em convênios celebrados com a ONG Fundação Pierre Bourdieu, nos anos de 2011 e 2012. A decisão é do Tribunal de Contas do Município (TCM) e cabe recurso.
O TCM julgou na sessão desta terça-feira (20), por meio eletrônico, um relatório de auditoria realizada sobre os quatro convênios que foram celebrados pela prefeitura com a fundação, que envolveu um total de R$ 115 milhões. Cada um deles também terá que pagar, ainda, uma multa de R$50 mil.
O conselheiro José Alfredo Rocha Dias, que relatou o processo de análise da auditoria, em seu voto – aprovado à unanimidade – determinou a formulação de representação ao Ministério Público Estadual contra os gestores, para que o MPE possa avaliar a utilização dessas conclusões em ação civil de improbidade administrativa já ajuizada.
De acordo com o Tribunal de Contas dos Municípios, será encaminhada, ainda, uma cópia do processo à Polícia Federal e Polícia Civil do Estado da Bahia – que investigou o caso na Operação “Prometheus” – para informação e eventuais ações.
O Ministério Público de Contas sugeriu a aplicação de multa e a penalidade de ressarcimento com recursos próprios dos dois gestores, de R$47.728.542,43. Recomendou, ainda, a formulação de representação ao Ministério Público (MP-BA) para apurar atos enquadrados com crime ou improbidade administrativa.
O G1 tentou, mas não conseguiu contato com o ex-prefeito João Henrique. Já João Carlos Bacelar Batista, disse que ainda não teve acesso à decisão.
“Ainda não tive acesso à decisão. Mais do que o respeito que tenho ao TCM, o que importa é a minha consciência tranquila. Nunca pratiquei atos impróprios ao bom desempenho da administração pública. A minha passagem pela Secretaria de Educação é reconhecida e aplaudida até hoje, principalmente pelos professores e pais de alunos. Quando for notificado, me defenderei tranquilamente”, disse em nota enviada pela assessoria de imprensa do ex-secretário da Secult.
Motivos da auditoria
A auditoria foi instaurada pelo TCM após a constatação de que os repasses oriundos dos convênios celebrados com a ONG apresentavam significativas diferenças entre os montantes declarados no Sistema SIGA, do tribunal e os valores constantes da documentação que compunha as prestações de contas.
O órgão detalhou que embora a soma dos recursos previstos para a execução dos quatro convênios fosse de R$ 115.964.476,93, foram encaminhados para análise do tribunal documentos relativos ao emprego de apenas R$ 33.913.135,99.
O relatório elaborado pelos auditores do TCM apontou a existência de diversas irregularidades e vícios na celebração e execução dos convênios, “além da patente falha e precariedade das prestações de contas”.
Também chamou a atenção da equipe de auditoria a falta de acompanhamento e fiscalização da execução dos convênios por parte da Secult e, também, pela Controladoria Geral do Município.
O Tribunal de Contas dos Municípios revelou que o documento mostra que, entre os meses de junho e dezembro de 2012, foram contratados, em média, 1.382 profissionais para as atividades de “Analista, Coordenador de Recursos Humanos, Coordenador de Departamento Pessoal, Assistente Didático-pedagógico, Assistente A, Auxiliar de Desenvolvimento Infantil, Auxiliar de Secretária, Auxiliar de Serviços Gerais, Auxiliar de Apoio, Assistente de Manutenção, Motorista e Porteiro”.
Confira as ilegalidades apontadas pelo relatório:
- Direcionamento na escolha do convenente para formalização dos instrumentos de cooperação técnica;
- Utilização incorreta do instrumento de convênio para a realização de cooperação técnica com uma Organização não Governamental;
- Ausência de documento comprobatório de notificação à Câmara Municipal relativo às celebrações dos Convênios;
- Ausência de documentos obrigatórios à celebração dos convênios;
- Fraudes na documentação fiscal de R$ 14.289.458,81;
- Comprovantes de despesas apresentados com irregularidades na Autorização para Impressão de Documentos Fiscais – AIDF;
- Contratação de pessoal, mesmo após a denúncia do convênio.
- Transferência de recursos financeiros à entidade, efetivada após a denúncia do convênio;
- Ausência de parecer técnico e de ação fiscalizadora por parte da Secult na execução dos convênios;
- Ausência de documentos essenciais para a composição das prestações de contas;
- Realização de despesas em desacordo com o previsto nos planos de trabalho;
- Divergência entre as informações constantes no CNPJ e em Notas Fiscais emitidas pelas empresas;
- Ausência de comprovação de despesas de R$ 12.934.741,11;
- Terceirização irregular de mão de obra de R$ 26.819.611,39;
- Desvio de função dos prestadores de serviços;
- Recibos de pagamento dos prestadores de serviços autônomos com dados incompletos;
- Burla à modalidade de procedimento licitatório;
- Ausência de segregação de funções na Coordenação e na Fiscalização dos Convênios;
- Utilização de recursos financeiros de um convênio para realização de despesas atinentes a outro;
- Ausência de parecer do controle interno; uso indevido de “verba indenizatória” para pagamento de pessoal contratado pela ONG;
- A não apresentação ao TCM de prestações de contas correspondentes ao montante dos valores efetivamente repassados à ONG.
Operação Prometheus
Com base nas investigações realizadas pela Operação Prometheus, a ação aponta que as supostas compras de materiais e prestação de serviços das empresas contratadas pela ONG foram utilizadas pelos dirigentes e colaboradores da organização para desviar verbas públicas.
A Operação Prometheus foi deflagrada há mais de oito anos, o presidente, três diretores e o contador da ONG Pierre Bourdieu, além de um empresário, foram presos, por suspeita de ter firmado convênios irregulares com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Esporte e Lazer (Secult) e com a Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
A operação teve início em novembro de 2012, quando um ex-integrante da Pierre Bourdieu denunciou a falsificação de seu nome em documento referente às eleições da instituição.
Na sede da ONG, situada no Largo dos Aflitos, foram apreendidos computadores, equipamentos eletrônicos, documentos fiscais e de créditos da Fundação Pierre Boirdieu e de empresas envolvidas com a instituição.
Em julho de 2013, João Henrique e João Carlos Bacelar foram multados em R$ 30 mil pelo Tribunal de Contas dos Municípios. De acordo com o TCM, foram constatadas irregularidades no contrato de R$ 30 milhões firmado com a Fundação Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, no exercício de 2012.
Bolsa para famílias com filhos matriculados na rede estadual de ensino da BA terá 1ª parcela depositada em 27 de abril
A primeira parcela do Bolsa Presença, que concede a quantia de R$ 150 para famílias em condição de vulnerabilidade socioeconômica e que tenha filhos matriculados na rede estadual de ensino da Bahia, será depositada no dia 27 de abril. O anúncio foi feito pelo governador Rui Costa, na terça-feira (20), durante o programa Papo Correria.
O programa beneficia famílias inscritas no CadÚnico e tem como objetivo evitar o abandono escolar e contribuir para fortalecer o vínculo com a escola e o processo de ensino e aprendizagem. O recurso será creditado em um cartão que os estudantes beneficiados receberão.
“Esse programa prevê uma aplicação de pelo menos R$ 280 milhões. São mais de 300 mil famílias beneficiadas. Além desse programa, também temos o vale-alimentação de R$ 55 por estudante e a bolsa de R$ 100 para 52 mil monitores de Língua Portuguesa, Matemática e Educação Científica, do programa Mais Estudo. Esses três programas representam mais de R$ 410 milhões destinados aos estudantes e às suas famílias da rede estadual”, falou Rui Costa.
Medidas restritivas
Na ocasião, Rui Costa também explicou que a transição para uma fase de maior flexibilização das medidas restritivas para conter o avanço da Covid-19 está atrelada às taxas de ocupação dos leitos de UTI.
“Definimos que para iniciarmos o processo de abertura para atividades como casamentos, cirurgias eletivas e as aulas no formato semipresencial, as cidades precisam manter a marca máxima de 75% de ocupação durante cinco dias seguidos. Ainda não temos nenhuma região em condição de migrar pra essa fase mais flexível, mas, assim que tivermos, daremos início a essa transição”, afirmou.
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